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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Os scripts sociais, ou padrões de conduta preestabelecidos

Hoje fui correr. Eu e duas amigas. Uma longa corrida de quase duas horas. Subidas e descidas, ruas calmas, ruas movimentadas, sol e sombra... cheiros de flores, cheiro de lixo... Não pude deixar de fazer minhas analogias, uma vez que não sou dona de meu pensamento...ele voa sozinho!
A primeira coisa que me ocorreu foi na maravilha de estar viva e poder correr livremente pelas ruas. Fiquei embriagada com esta liberdade e em como este privilégio não é para qualquer pessoa. Há de se ter desprendimento e coragem .
Depois vieram os aromas...ahhh...devo ter um nariz de cachorro perdigueiro ou algo parecido, pois sou viciada nos cheiros da vida... E eles sucederam-se durante o trajeto, cada qual trazendo consigo uma recordação diferente: as acácias em flor lembraram-me minha infância, meio distante já, mas inesquecível. As tardes na fazenda, as cavalgadas e o carro puxado a boi que era guiado pelo Chico, o peão o caseiro, que nos levava até o riacho rodeado de pedras onde costumávamos passar as tardes quentes do verão. As acácias me levaram para este tempo de menina, para a voz do Chico que repetia sem parar: eia Maroto , eia Marinheiro, boi preguiçoso... E no ritmo da corrida lembrei-me da forma como eu me deitava na carroça e abria os olhos cheios de fantasia, procurando formas nas nuvens que brincavam pelo céu. Tempo bom, aquele de menina, sem dores, sem preocupações, sem esperas ...
E os cheiros sucederam-se... cheiro de óleo diesel dos ônibus, cheiro de protetor solar, cheiro de combustível recém saído da bomba, cheiro de corpo suado, cheiro de perfume masculino, cheiro de pessegueiro...Estou viciada no cheiro desta árvore...
A conversa acompanhou boa parte do trajeto... E acabei contando sobre minha espera, e como ela me dói e em como sou impaciente. E as amigas tentaram me advertir a respeito dos scripts socias.
Assim: Uma mulher nunca deve ceder no primeiro encontro, tampouco convidar seu amado para sua casa, deve fazer-se de desinteressada, pois os homens precisam sentir-se conquistadores e etc etc etc
Eia! Tenho feito tudo errado!
Se depender deste tipo de atitudes jamais conquistarei um coração. Sou, como gosto de dizer, selvagem para este tipo de jogo. Não consigo usar estas máscaras, sou avessa a subterfúgios. E como já afirmei em algum poema, não costumo refletir o que os outros procuram, tenho um "quê" de teimosia que me faz ser exatamente como sou...sou um caso para amar ou odiar...
Mas de certa forma minhas amigas têm razão. Acredito que somos constantemente avaliados por padrões de conduta sociais preestabelecidos e se eu fujo a eles , correrei o risco de ser sempre mal avaliada, mal interpretada...
Mas... sigo no meu ritmo e na minha forma de ser. Danem-se os padrões e os scripts! Danem-se os falsos moralismos. Danem-se as pessoas que não conseguem sustentar-se por si mesmas. Danem-se essas regras que só servem para atrapalhar os sentimentos verdadeiros. Nada mais belo do que ser meio criança: natural, verdadeira, meio ingênua, adepta à maravilha de Ser e não fingir... Não vou mudar...haverei de encontrar alguém que ame tanto quanto eu a beleza de viver e a coragem de mostrar cada sentimento, sem medos e sem segredos. Fazendo de cada fato vivido um momento único e inesperado!

Eda De Maman