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domingo, 9 de setembro de 2012

Sobre nascer e viver


Há 44 anos atrás nascia,na cidadezinha de Butiá, uma menina. Não sei ao certo quais foram os desígnios que ela recebeu do criador, mas com certeza veio ao mundo para amar.
Nasceu menina, miúda , mas logo foi espichando. Gostava de brincar, fazer molecagens, subir em árvores e colher pitangas, fugir em aventuras com irmãs e primas, remar em lagos suspeitos, andar de bicicleta por estradinhas de chão batido, fazer doces e, seu maior sonho de menina, ensinar seu gato a escrever (tudo bem, já descobriram que a menina não batia muito bem da cabeça!).
Ainda menina veio morar em Porto Alegre, juntamente com os irmãos e a mãe, pois a vida exigia que os maiores continuassem seus estudos na capital. Vida cansativa aquela, todo final de semana de volta à sua casa, para reunir a família.
O tempo foi passando e a menina foi crescendo. Crescia e a cada ano mergulhava mais nos livros que sua irmã ganhava do namorado. Nada a alegrava mais do que palavras: palavras grandes ou pequenas, palavras sábias ou tolas, palavras que mostravam histórias ou poesias...Palavras...
Menina cresceu mais ainda e descobriu que a vida havia-lhe tornado mulher. Amou e talvez tenha sido amada também.
Menina sofreu e chorou; acreditava na força da palavra falada, acreditava que estas palavras eram semelhantes às que havia lido a vida inteira.
E continuava chorando a cada desilusão...
Menina teve seus filhos, fazendo-se assim uma mãe. Menina teve neles grandes companheiros, e com eles viveu tardes de folguedo, entrando em seus sonhos e viajando para lugares inimaginados. Fizeram juntos aventuras por planetas distantes, por castelos encantados, por mares bravios e pelo mundo da lua...
Assim menina achou que a felicidade era simples , mas os meninos de menina tornaram-se grandes e à medida que cresciam e aprendiam seus valores, foram esquecendo o mundo da lua, o mundo do sonho e o mundo do faz de conta...
Menina percebe então que não gosta de ser só, que gostaria de dividir seus sonhos com alguém capaz de sentir a vida da mesma forma que ela, que gostaria de novamente amar...
Menina percebe que acredita no amor (sua palavra preferida) e em todas as palavras que encontra pelo seu caminho sejam elas faladas ou escritas. Descobre também que não adianta descrever seus sonhos no papel, pois eles não tornam-se realidade num passe de mágica...
Agora amanhece em casa de menina. Os pássaros cantam alegremente na árvore que surge pela janela de seu quarto. A rua ainda não acordou. Menina digita essas palavras, registrando suas lembranças...
e torce para que o personagem de sua história as consiga ler e, talvez um dia, cruzar seus sonhos com os sonhos de menina!

Eda De Maman


                                                                  Texto escrito em maio de 2008