Uma carta para Alice

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           Querida filha:

Há alguns anos atrás escrevi um texto que falava da emoção de ver a "Menininha da mamãe" crescer.

O medo que senti naquela época continua o mesmo, porém estamos aqui neste teu momento tão lindo e te ver acendendo as velas do shabat ontem foi emocionante, assim como é emocionante te ver desabrochando para a vida.

Sempre sonhei com este dia e passei muito tempo diante do computador tentando escrever o texto mais lindo do mundo, somente para que tu jamais esquecesse este momento.... Mas descobri que o  texto mais lindo que uma pessoa pode escrever, não é gravado em papel, nem numa tela de computador.... O texto mais lindo é sua própria vida; é escrito no dia a dia, nos encontros e desencontros, no descobrir-se, no reconstruir-se a cada dificuldade.

E como diz uma escritora que admiro muito: viver ultrapassa qualquer lógica, qualquer entendimento...

Na vida, passamos por diferentes tipos de provações, por dificuldades, por momentos de alegria e de tristeza, como podes perceber. E nessa montanha que subimos e descemos, passamos por estradas sinuosas... e as poucas coisas que nos acompanham sempre, não são feitas de matéria outra, senão de sentimentos: são as experiências que nos tornam únicas, as lembranças do que vivemos  e  o amor.... Nosso tesouro maior não é feito de ouro ou prata, tampouco crivado de pedras...  E de tudo o que conheço na vida, posso te afirmar minha filha,  o mais importante é sempre o amor... Nada na vida tem graça ou é pleno sem ele... E quando a “mamis”  fala em amor, não quer dizer somente daquele amor entre as pessoas.

Uma das minhas poesias preferidas fala que devemos colocar tudo o que somos no mínimo que fazemos, que devemos fazer brilhar nossa lua inteira, para que nosso reflexo seja visto em todo lago, plenamente...Isso nada mais é do que amar, do que entregar-se plena e apaixonadamente a tudo o que fazemos e às pessoas que nos cercam... Infelizmente irás descobrir que essa entrega nem sempre tem final feliz, mas saberás que valeu a pena cada ato teu, simplesmente porque foste verdadeira... aliás carregas a verdade até no significado do teu nome: Alice é aquela que é verdadeira... Eu e teu pai não poderíamos ter escolhido um nome mais apropriado a ti!

Tem um livrinho que costumávamos ler quando tu eras bem pequenina... Um livro que fala de um coelhinho que amava. E ele amava tanto, mas tanto, que vivia tentando medir seu sentimento... e cada vez que encontrava um objeto maior, seu amor tornava-se do tamanho deste objeto... Na simplicidade de sua vida de coelhinho, ele tentava desesperadamente mostrar à sua mãe o quanto a amava... não sabia ele, que o amor é incondicional, imensurável e incomparável... Mas o coelhinho não desistia... e um dia descobriu que o amor tem o valor do infinito... Ida e volta!

Assim devemos amar... amar tudo o que somos, tudo o que fazemos, todos os que nos são caros...

Adivinha o quanto te amo?

Eda De Maman