Eda De Maman

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Bolsa florida e cabeça vazia

Observo a bolsa
atirada de forma displicente sobre a guarda da cadeira
bolsa de tecido...
tecido indiano ...
bem florido e colorido

Por um instante imagino as flores fugindo da bolsa
grudando-se na árvore ainda nua de vida
alimentando a borboleta
e fazendo sorrir meu olhar de menina

      [Que porcaria!
      Essa falta de inspiração parece sanduíche de bar de estrada:
      seco e sem sabor]

E as flores da bolsa continuam ali
divertindo minha roupa séria
mas sem perfume
sem vida
apenas bidimensionais
etéreas
anacrônicas
multicromáticas
e estéreis
como as cabeças ocas com que tenho cruzado

      [A falta de inspiração parece sina
      bolsa cheia de pedras
      carteira e mentes vazias]

E as flores da bolsa ali...
multicoloridas
rindo da minha incapacidade momentânea de me exprimir
      fazendo-me pensar em como é fácil escrever sobre a dor
      e dificil  sobre o vazio
não sei, portanto, se me alegro por não estar sofrendo
ou se me entristeço por não escrever

Recolho a bolsa florida
e guardo-a delicademente no ármario
Adormeço num sono sem sonhos
quem sabe amanheço em  primavera
e com a mente emprenhada
de ideias
de poemas
de falas
 e de vida...


Eda De Maman

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Gosto que me enrosco....

Gosto que me enrosco
de um enrosco
de um rosto
daquele rosto


Gostoso se enroscar
se perder dentro do abraço
não saber se é seu o lábio
misturar-se
beber o fogo
saborear a paixão
apaixonar-se pela alma


Gosto que me enrosco
de um enrosco
cadê o rosto?
....


Eda De Maman

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tudo... e que Rilke vá às favas

Para mim, chega!
Peço-te apenas que não me sirvas meio copo de água
nem café morno
tampouco batata frita assada...

Se for para ser ,
que seja,
inteiro
pois meio copo, jamais me sacia a sede...

Quero mais é viver a loucura,
plena
gozar o gozo intenso
amar enlouquecidamente
...

Digo-te também que briguei com Rilke
Não quero mais saber de suas teorias absurdas
de seu culto à solidão
Às favas, senhor poeta do século passado!
Não quero hoje, saber de seus pensamentos longos
nem de sua fala difícil...
Quero mais é um cheiro em meu cangote,
um doido igual a mim
uma noite obscena
e um poema...

Eda de Maman

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