Eda De Maman

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Local: Porto Alegre, Brazil

domingo, 24 de junho de 2012

Beijo de mãos

E entre as taças
à luz de velas,
as mãos se tocaram
usando para isso
alguma desculpa esfarrapada
esfarrapada, com são as desculpas de quem não precisa delas para querer...

Por um momento
a respiração fica suspensa
uma tontura
nada existe ao redor

E na ânsia maior
de matar a sede contida
os dedos beijam-se
às escondidas...
murmurando o que a mente,
tola e prisioneira,
não tem coragem de dizer:
Eu te quero




Eda De Maman

sábado, 16 de junho de 2012

Desabafo

.
Meia noite... Hora em que os normais se recolhem .

No silêncio do meu quarto, sinto-me presa a alguma coisa desconhecida. Amarras invisíveis seguram minha mente obscurecida pelos medos. Fico flutuando numa espécie de limbo, entre o real e o imaginário. É neste momento que minhas ideias emprenham e soltam o verbo, outrora tão desabrochado pelas dores da descoberta do viver .

A imaginação liberta-se.
Viver, concluo, é dolorido....e cada um de nós encontra sua forma peculiar de transpor a barreira do tédio irremediável do desejar, saciar e novamente desejar. Aliás, o desejo tomou o lugar do viver... Freneticamente buscamos algo, que muitas vezes nem sabemos o que é, nem o porquê e tampouco se isso realmente nos é importante....apenas buscamos.

Saio então do quarto cor-de-rosa, do útero criado ao meu redor na tentativa de não mais ferir-me e faço de conta que vivo.

No caminho que percorro, encontro uma infinidade de tipos hoje familiares e identificáveis.
Há aqueles que têm medo de envelhecer e buscam em parceiros mais jovens a juventude perdida, como se o tempo que viveram não fora suficientemente bom para acrescentar-lhes valor à velhice.

Há os que se escondem da própria vida, tendo como fuga um copo de bebida.... e vão bebendo o tempo de gole em gole, roubando de si mesmos o viver verdadeiro, criando um obscuro, artificial e intransponível mundo onde o pensar e o sentir não são convidados a sentar à mesma mesa.

Há os que preocupam-se em esconder sua existência vazia, sua falta de cultura , ideias e ideais, criando falas divertidas e espirituosas, que preencherão o vazio dos outros com bobagens... Esses são sempre bem vindos à mesa, uma vez que conseguem camuflar o que os outros tentam esconder. A esses chamo de bobos da corte. Pobres coitados que não conseguem sequer identificar o que querem. Tentam esconder com a máscara da diversão o tão pouco que são.

Há os derrotados, que cantam conquistas extraordinárias, negócios mirabolantes e saem sem pagar a conta...

Há uma infinidade de pobres diabos, incapazes de um envolvimento maior do que trocas de piadas e risos tolos.

Estou cansada dessas caricaturas ambulantes, que entraram numa rodaviva feito zumbis e que, na impossibilidade de mudar, recriam-se superhomens e supermulheres... Esses seres perfeitos, que não possuem sentimentos, que se bastam, que não sentem o vazio existencial ou que não conseguem vencer o medo de amar.

Tolos, todos uns tolos... porque esqueceram que a felicidade está nas coisas simples da vida.

Eda De Maman

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